Ela cantou neste domingo (22), último dia do Rock in Rio 2024. Show cheio de pontos altos teve agudinhos característicos e movimentos econômicos pelo palco. Leia crítica do g1.
Mariah Carey merecia uma apresentação deste porte por aqui, após perrengues em vindas anteriores ao Brasil. A popstar fez o mais aguardado show no Palco Sunset em todas as edições do Rock in Rio.
Neste domingo (22), entregou o que seus fãs queriam: looks que vão ser comentados durante toda semana e hits em versões às vezes mais curtas. A ideia era ter tempo de cantar mais canções do repertório que a fez vender mais de 150 milhões de discos.
Entre tantos pontos altos, o show cresce em baladas clássicas como “Hero”, cantada no final do primeiro ato. A emoção nessa só é superada pelo final, com “| Want To Know What Love Is”. As canções de levada R&B também cativam, com destaque para “Touch My Body” e “We Belong Together”.
Ela tem uma banda, três vocalistas de apoio e sete dançarinos, mas obviamente o que importa é ouvir ao vivo uma das vozes mais influentes da história do pop americano. Ah, e não há chance de se insinuar que ela faça uso de playback, ok? Falar que ela dubla seria absurdo.
Mariah provou que canta bem de tudo quanto é jeito, com seus característicos agudinhos matadores. Ela ainda mantém intacto o estilo de movimentos econômicos pelo palco.
A diva é famosa, por exemplo, pela predileção em soltar a voz e manter respiração e afinação até mesmo sentada, posição pouco recomendada por técnicos vocais.
Palco Sunset ficou pequeno?
Ela poderia estar no palco considerado principal, é claro, e os fãs tinham razão de reclamar. Mas isso foi mero detalhe. Pesa aqui o fato de o Palco Sunset ter pela primeira vez o tamanho do Palco Mundo e uma potência de som bem superior à de outras edições.
O único porém talvez seja o tempo de show: ela cantou só por uma hora e poderia fazer uma performance mais longa caso fosse headliner da noite. A necessidade de cortar o show tira do setlist, por exemplo, a lindíssima versão de “Without You”.
A cantora de 55 anos apresentou sua turnê “The Celebration of Mimi”, que começou como uma residência em Las Vegas. O objetivo desta tour é celebrar os 20 anos do álbum “The Emancipation of Mimi” e apresentar, de forma didática, cada uma de suas eras.
Esta vinda de Mariah para cantar em São Paulo e no Rock in Rio pode ser considerada sua estreia de verdade por aqui. Ela esteve no Brasil para eventos fechados e programas de TV, em 1999, 2002 e 2009. Em 2010, finalmente fez um show aberto ao público, na Festa do Peão de Barretos. Mas Mariah subiu ao palco por volta da 1h30 com uma arena meio vazia, sob protestos e vaias após atraso de 90 minutos. Ela disse que cantou “para seus fãs de verdade”.
No Rock in Rio, eles também estavam presentes. Alguns tentavam adivinhar exatamente o que ela iria dizer entre as músicas. Outros imitavam com a boca as batidas das músicas mais dançantes, fazendo um atrapalhado e cativante coro (?) de beatbox (??). Alguns grupinhos puxaram a versão em português gravada por Sandy & Junior para “I’ll be there”, mas por sorte não conseguiram engajamento.
Com uma plateia tão entregue e emocionada, não existe motivo para perpetuar o clichê roqueiro de que o Rock in Rio é um festival para quem não gosta de música. Talvez ele seja um festival para quem gosta de música que VOCÊ não gosta.