Lee Daniels não revela nenhum detalhe sobre o papel ou personagem de Mariah Carey na segunda temporada de Empire, série da Fox — “Já estou com problemas com minha publicista”, justifica rapidamente — mas acredita que ela já conquistou definitivamente seu espaço no drama do universo do hip-hop como atriz. Não se trata de uma jogada de marketing.
“Ela certamente já provou seu valor, meu Deus. Repetidas vezes,” diz Daniels, cocriador, produtor executivo e roteirista do maior sucesso roteirizado da Fox na temporada 2014-15. “Estou muito animado para ver para onde ela vai em Empire.”
Não é exagero dizer que Carey deve sua posição atual como atriz a Daniels, que ignorou a enxurrada de críticas negativas em torno de sua estreia no cinema em Glitter (2001) e a conduziu a um papel de protagonista em um longa (Tennessee), seguido de duas participações elogiadas (Precious e O Mordomo da Casa Branca, de Lee Daniels).
Ela retornará ao status de protagonista — e assumirá a direção pela primeira vez — em um filme natalino provisoriamente intitulado Mariah Carey’s Christmas Project, para o Hallmark Channel.
Daniels conheceu Carey por meio de um amigo em comum no set de Shadowboxer, seu primeiro filme como diretor. “Não consigo explicar,” diz ele, lembrando que a achou “real” e “muito, muito calorosa” no primeiro encontro. “Foi quase como se tivéssemos nos apaixonado. Prometi a ela que no próximo filme que fizesse, eu a colocaria nele.” Esse filme foi Tennessee, produzido por Daniels.
Entre Glitter e Tennessee, no entanto, Carey recebeu suas primeiras críticas positivas como atriz em WiseGirls (2002), em que contracenou com Mira Sorvino e Melora Walters. A revista Variety escreveu: “A grande surpresa, e de longe a atuação mais envolvente, é a de Carey, que dá à boca-suja e rouca Raychel muito coração, além de ousadia e uma atitude sexy.”
As críticas para Tennessee, em que ela interpreta uma cantora aspirante (semelhante ao papel de Glitter), não foram tão generosas. Daniels acreditou que Carey se conectaria melhor com o papel de uma assistente social em seu próximo filme, Precious.
“Ela compreendia aquela mulher, e eu sabia que, sem maquiagem, funcionaria,” diz Daniels. “E, como artista, ela confiava em mim. É preciso confiar nas pessoas, mas muita gente não está lá para te apoiar.”
Por e-mail, Carey disse que Precious foi exatamente o que buscava como atriz. “Meu objetivo sempre foi assumir papéis muito distantes da minha ‘imagem’ e simplesmente curtir o processo de atuar. Me sinto muito afortunada por ter conseguido fazer isso e espero poder continuar.”
Desde a estreia do filme no Festival de Sundance, em 2009, até a temporada do Oscar, a performance de Carey foi celebrada como um marco em sua carreira. Ela foi homenageada nos festivais de Palm Springs e Capri Hollywood; o elenco recebeu indicações do SAG e da NAACP. A Variety elogiou a “interpretação precisa de Carey como assistente social, que funciona como um coro grego nesta semitragédia. … A atuação é desarmante.”
Carey começou a entender o que era necessário para ter sucesso no cinema.
“Eu não percebia que você realmente precisa ser seletiva com as pessoas com quem trabalha, ter um sistema de apoio e colaborar com pessoas que você sente que são gênios,” disse Carey no tapete vermelho de uma exibição de Precious, em 2009. “Definitivamente, estou inspirada a sair da minha zona de conforto depois disso.”
E novamente, Daniels lhe ofereceu o papel: o de esposa de um meeiro em uma plantação de algodão na Geórgia, nos anos 1920. O Mordomo da Casa Branca, de Lee Daniels, seria o maior sucesso de bilheteria de Carey e Daniels, arrecadando 116,6 milhões de dólares.
“Ela é muito subestimada como atriz,” afirma Daniels. “Dirigida da forma correta, ela é uma força da natureza. Muitas vezes, pode intimidar, porque é uma mulher determinada. Ela precisa de um diretor forte, que a entenda, para que possam se apoiar mutuamente. Acho que diretores corajosos vão perceber isso.”
Fonte: Variety.