Pobre menina rica – Matéria da Veja sobre MC

EMI dá 28 milhões de dólares a Mariah Carey para livrar-se dela

Anunciado com pompa e circunstância em abril do ano passado, o casamento entre a cantora Mariah Carey e a gravadora EMI terminou pouco depois da lua-de-mel. Na última quarta-feira, a companhia comunicou a dispensa da artista, alegando insatisfação com as pífias vendas de Glitter, primeiro e único disco da estrela pelo selo. Lançado em setembro, o CD teve pouco menos de 500.000 cópias comercializadas, contra 8 milhões de unidades, em média, que ela costumava vender a cada lançamento na Sony, sua antiga casa. Mariah bandeou-se para a Virgin (uma subsidiária da EMI) seduzida pela promessa de receber 80 milhões de dólares por quatro discos. Pelo primeiro, ganhou 21 milhões numa única tacada e mais uma porcentagem sobre cada CD que saía das lojas. Para ver-se livre dela, a desiludida EMI colocou outros 28 milhões de dólares nas mãos da moça e de seus advogados. Ela acha que é pouco. Revoltada, ameaça processar a companhia.

A rescisão do contrato é o segundo baque enfrentado pela pobre Mariah em pouco tempo. No ano passado, logo após entrar na Virgin, ela terminou o namoro com o cantor mexicano Luis Miguel (que logo retomou o estranho hábito de dizer que está saindo com “uma pessoa”, sem especificar o sexo). A separação teria posto os nervos de Mariah em frangalhos. Em julho de 2001 a cantora sofreu uma crise nervosa em Londres. Segundo o tablóide inglês The Sun, chegou a tentar o suicídio cortando os pulsos e acabou internada numa clínica de repouso. O processo de gravação de Glitter também foi cheio de ansiedade. Mariah fez várias vezes o vôo de cinco horas de Nova York, onde mora, a Los Angeles, onde o disco estava sendo mixado, para discutir com os engenheiros de som detalhes mínimos e notas fora do lugar. Cuidado inútil. Quando o CD chegou às lojas, seu público-alvo – os adolescentes – mostrou-se mais interessado em ícones jovens como Britney Spears e o grupo ‘NSync. A primeira música de trabalho do disco, Loverboy, foi mal recebida nas rádios. Os DJs a consideraram muito lenta e tediosa, e se recusaram a tocá-la. Mariah perdeu mais pontos ao caçoar dos fãs num programa de TV. “Meu lugar preferido é minha banheira de espuma, onde nenhum fã pode me alcançar”, disse ela.

Mariah, de 31 anos, foi uma máquina de fazer hits durante boa parte dos anos 90. Ela emplacou quinze canções em primeiro lugar na parada americana, marca superada apenas pelos Beatles e por Elvis Presley. O fato de que uma artista que se provou tão rentável durante tanto tempo tenha sido dispensada é sinal de que novos tempos se aproximam no mercado fonográfico. No ano passado, os americanos compraram 5% menos CDs que no ano anterior. Logo em seguida, os executivos das grandes gravadoras começaram a discutir cortes de custos e a redução das mordomias que desfrutam diversos astros e divas. É esse o discurso de Alain Levy, recém-contratado presidente da EMI e homem que lançou Mariah Carey no desemprego – com 50 milhões de dólares no bolso.

Fonte: Veja